segunda-feira, agosto 21, 2006

Para Aécio, povo do campo não precisa saber ler

A secretária de Educação do governo Aécio, Vanessa Guimarães, disse em entrevista à edição do dia 9 de agosto do jornal "Hoje em Dia", de Belo Horizonte, que os homens e mulheres das zonas rurais não precisam saber ler: (...) quanto ao alto índice de analfabetos funcionais do Estado, Vanessa Guimarães diz que estão concentrados na área rural "onde a necessidade de estar alfabetizado não se impõe".

A fala da maior autoridade governamental em Minas na área da educação é a reprodução do pensamento institucional que pretende ocupar novamente o Palácio da Liberdade e revela a prática de descaso denunciada pelos movimentos dos professores e trabalhadores na educação.

Para o governo Lula e para o candidato ao governo de Minas, Nilmário Miranda, a educação é o primeiro degrau da cidadania. Sabendo ler e escrever e compreendendo o grande volume de informação que recebe de várias fontes é que os brasileiros e as brasileiras terão conhecimento de seus direitos e deveres, vão poder ter pensamento crítico e analítico e, assim, vão poder decidir sobre seus destinos e os destinos do país.

Ao entender que os homens e mulheres do campo devem continuar na escuridão do analfabetismo, o governo Aécio Neves, por intermédio de sua secretária da Educação, Vanessa Guimarães, transmite mais que um recado, dita uma sentença contra 1,6 milhão mineiros - de acordo com os últimos números do Inep - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, do Ministério da Educação - condenando-os a permanecer no atraso, na submissão, na subcidadania, no subumano, submetidos à subserviência que se mostrou, e ainda se mostra, conveniente a um estado de coisas que só interessa aos políticos apegados ao passado, ao arcaico, ao que se convencionou chamar de tradicional.

Tudo isso revela falta de compromisso do atual governo com a educação. Em Minas se paga um dos menores salários aos professores. À frente das salas de aula estão profissionais não-qualificados, estudantes de curso superior (matriculados e freqüentes), bacharéis de nível superior sem licenciatura específica para o magistério ou pessoas apenas com o ensino médio concluído que requerem Autorização para Lecionar a Título Precário, antigo CAT. Os professores de curso superior fogem do sistema estadual de ensino, que lhes oferece um salário médio de R$450, e vão atrás de melhores salários na rede particular.

Para o governo Lula e os governantes do PT, na cidade e no campo, onde houver um brasileiro, ele tem de ter acesso ao direito básico à educação de qualidade. E é por isso que Lula enviou para o Congresso Nacional o projeto do Fundeb - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Ministério, que vai substituir o Fundef e ampliar o sistema de financiamento da educação básica no país. Com a aprovação do novo fundo, Minas, que atualmente recebe R$2,8 bilhões por ano para investir na educação básica, terá R$3,4 bilhões.

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