sexta-feira, setembro 28, 2007

Enquanto isso, na sala de aula...

Na semana em que o TUCANODUTO (conhecido pela grande mídia como "mensalão mineiro" ou "caso mares guia") foi o assunto predominante no restante do país, a imprensa mineira, além de brincar de contorcionismo pra tirar o governador da reta sempre, também anunciou a sanção, por ele, da lei que aumenta o piso remuneratório dos professores.

Boa estratégia, ressaltar o quanto ele é camarada enquanto esconde os podres. Se bem que eu não teria cara de pau para me vangloriar de AUMENTAR o piso dos professores para 850 reais, até porque isso é admitir que nos últimos cinco anos do governo Aécio o piso era ainda menor, né? Fiquei curiosa de saber o que os professores acharam da lei, já que esse ponto de vista, eu pelo menos não vi nos jornais. Fui ao site do Sinpro-MG, o Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais, e olha só o que eu achei:

Governo estadual estabelece piso abaixo da expectativa dos trabalhadores em educação

No dia 25 de setembro, foi sancionada pelo governador Aécio Neves a Lei 17006 que institui o piso remuneratório de R$ 850,00, a partir de janeiro de 2008, para os professores estaduais que trabalham 24 horas semanais. Na verdade, o trabalhador que recebe menos do que esse valor, passará a receber a diferença em forma de um novo abono, a Parcela de Complementação Remuneratória do Magistério (PCRM). Mais uma vez, o governo estadual cria abonos ao invés de valorizar efetivamente o salário dos professores.

Segundo Gilson Reis, presidente do SinproMinas, essa tática de inventar abonos e achatar salários é um artifício usado pelos governos neoliberais desde a época de FHC. "Esses abonos não contam para a aposentadoria e nem para outros direitos trabalhistas, como férias e licenças. O professor continua penalizado pelos baixos salários", avalia.

Em seu boletim do dia 20 de setembro, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação (SindUte), que representa os professores da rede estadual, informa que o projeto de lei foi aprovado apesar dos protestos da categoria. "O projeto descaracteriza o plano de carreira, mantém tabelas salariais com vencimento básico abaixo do salário mínimo, além de tratar de forma diferenciada profissionais da educação que desempenham funções assemelhadas. Para valorização dos profissionais, é necessária a implantação de piso salarial (que é igual a vencimento básico) vinculado à formação e à jornada de trabalho, com possibilidade de avanço na carreira".

Um comentário:

Anônimo disse...

Fui professor Designado no Estado, e posso falar que as condições de trabalho eram péssimas. A ponto de ser obrigado a recolher dinheiro dos alunos para a impressão de exercícios e até para avaliações.
Mas com relação a esse "aumento" anunciado, se não me engano ocorreu no mínimo uma maquiagem pois antes um cargo completo era de 18h em sala por semana, agora são 24h? E antes essas 18h era R$600,00 sem considerar os descontos!