(Sérgio Pardellas, no Jornal do Brasil de ontem, 23/09)
A POLÍCIA FEDERAL AGUARDA com grande expectativa a decisão do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, sobre o mensalão mineiro, prevista para o fim do mês. Policiais que atuaram nas investigações acham que, além de denunciar o grupo que gravita em torno do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), o procurador pedirá novas diligências sobre temas que ficaram em aberto no relatório: o depoimento dos políticos que aparecem como supostos beneficiários do dinheiro usado na campanha eleitoral de 1998 - entre eles, o governador Aécio Neves - a quebra de sigilo para efeito de rastreamento bancário das empresas de Marcos Valério (DNA e SMP&B) e novas investigações sobre estatais mineiras como o Bemge, as Companhias de Saneamento (Copasa), Energética (Cemig) e Mineradora (Comig), de onde saíram os cerca de R$5 milhões para irrigar o valerioduto mineiro.
As investigações apontam uma clara vinculação entre as estatais e o dinheiro que migrou para as empresas de Marcos Valério, mas não avançaram sobre o destino final dos recursos, diluídos em mais de 170 contas de campanhas eleitorais anotadas no chamado relatório Cláudio Mourão. Policiais apostam que Antonio Fernando de Souza pode não denunciar o ministro das Relações Institucionais, Walfrido Mares Guia, mas pedirá que as investigações sobre as atividades da empresa dele, a Samos Participações Ltda, sejam aprofundadas. Ninguém tem dúvidas na PF de que Walfrido atuou firme na campanha de Azeredo em 1998, indicando nomes de políticos que receberiam dinheiro do esquema de Valério, embora o publicitário, ao contrário do que fez no caso do mensalão do PT, tenha recuado e recusado-se a delatar.
Assunto sério
Motivados pela iminente denúncia do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, sobre o tucanoduto mineiro, os principais caciques tucanos trocaram demorados telefonemas durante a semana.
Discurso combinado
O ex-presidente Fernando Henrique, o senador e presidente nacional da legenda, Tasso Jereissati (PSDB-CE), e os governadores de Minas Gerais, Aécio Neves, e de São Paulo, José Serra, afinaram o discurso. A ordem é tratar o assunto como o velho recurso não contabilizado, ou seja, o caixa 2, a fim de marcar diferença com o mensalão petista.
segunda-feira, setembro 24, 2007
PF espera ouvir Aécio Neves
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