terça-feira, março 20, 2007

Aécio quer ser Rei

Governador tucano de Minas Gerais construirá monumento à própria vaidade

Nos próximos dois meses, entrará em licitação a construção do novo centro administrativo de Minas Gerais. Uma obra grandiosa, de proporções megalômanas. Simplesmente a maior obra pública do Brasil. A área total de construção civil corresponderá a cerca de duas vezes e meia aquela inaugurada em 1960 em Brasília, nascida das mãos de JK para ser a Capital Federal. Os valores gastos para erguer tamanho monumento não foram divulgados.

Aécio Neves tem se notabilizado em fazer um governo de estardalhaço. É notória sua intenção de se tornar Presidente nas próximas eleições. Para tanto, reorganizou a máquina burocrática do Estado, para garantir que seu governo tenha caixa para bancar suas estripulias. É o chamado “choque de gestão”, que desvia recursos da saúde e da educação para a publicidade, que por sua vez divulga notícias tendenciosas e inverídicas, como o "déficit zero" das contas públicas, e promove a mágica dos números inflando as cifras dos investimentos na Saúde com gastos como vacinação animal e exposições agropecuárias. Essa maneira de governar ainda possui outros dois componentes cruciais: o controle rígido sobre a imprensa (confira aqui) e o enfraquecimento total do Poder Legislativo (veja aqui).


Tentando parecer JK

Para tentar marcar seu nome na história, Aécio procura vincular sua imagem à de JK, numa tentativa tola de repetir a essência do ex-presidente numa época completamente diferente. O projeto arquitetônico foi entregue a Oscar Niemeyer, amigo e predileto de Juscelino, sem licitação ou concurso público. Mas se JK podia contar com uma realidade econômica diferente, com a presença do financiamento externo sem limites, Aécio precisa utilizar recursos do próprio Estado, que ao contrário do "déficit zero" declarado, possui dívidas que chegam a cerca de R$ 60 bilhões, sendo de quase R$4 bilhões a insuficiência de caixa para fechar o orçamento anual de 2004 (fonte: Folha de São Paulo, 13 de outubro de 2005).

Dessa forma, a estratégia que garantirá ao estado erguer essa monstruosa obra deve se basear em dois pilares. O primeiro é cortar gastos que não dão publicidade imediata ao governador, independente se são ou não essenciais à vida dos cidadãos. Como os da saúde, que depois são complementados com "enchimentos" para atingir o mínimo permitido por lei. E o segundo é destinar participações menores às parcerias público-privadas (PPP’s), nas quais ficará a cargo do capital particular uma parte dessa obra. De qualquer maneira, é interessante ver um dos maiores representantes do partido das privatizações e do Estado-Mínimo investindo tamanhas quantias numa obra pública, e concomitantemente, utilizando-se de um expediente tão defendido pelo governo Lula, as PPP’s, que seu partido critica de forma tão incisiva.


Dúvidas

A transferência do centro administrativo carrega três controvérsias fundamentais do ponto de vista estratégico. A primeira é: para onde levar o Complexo, dentro da realidade urbana da capital Belo Horizonte? Em seguida, pergunta-se: o que fazer com os prédios existentes, exemplares da arquitetura do início do século perfeitamente preservados e operantes? E por fim, a dúvida maior e talvez mais difícil de ser respondida: porque o dispêndio de tantos recursos nessa empreitada? Será que o Estado não possui outras prioridades?

Essa será a discussão do próximo tópico, na semana que vem, a partir de domingo, 25 de março. Até lá, deixem seus comentários!

(fonte: http://sobreassuntos.blig.ig.com.br/)

Update:

Segundo o Novo jornal, as obras do no Centro Administrativo de Minas Gerais estão orçadas, INICIALMENTE, em R$1,5 bilhão.

O governador já assinou, no mês passado, o decreto que desapropria a área de 804 mil metros quadrados do Hipódromo Serra Verde, na região Norte de Belo Horizonte, para a construção do projeto.

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